23.11.12

A sala estava cheia, de pessoas vazias e eu sentia-me mais sozinha do que nunca. Sentei-me a um canto, enterrei a cabeça por entre os joelhos, respirei fundo e contei devagarinho até 10, com esperança que o fim da minha contagem, marcasse também o fim do meu vazio.
Uma sombra abateu-se sobre a minha cabeça, levantei ligeiramente os olhos, vi-te sorrir. Tentei focar o meu olhar, vi uma figura alta, cabelo claro, liso, braços e pernas longas, mãos grandes e imponentes. Sentaste-te do meu lado esquerdo. Ofereceste-me um cigarro do teu maço Camel, semi estreado e acendeste-mo com um isqueiro verde. Ficámos assim por uns instantes, até que quebraste o silêncio, São as pessoas, não são? Acenei com a cabeça. Como é que sabes? Deste uma pequena gargalhada irónica. Não é difícil de perceber. Voltei a amolgar a pele da minha cara nos joelhos. Devias sorrir mais vezes, ficas bonita. 
Os meus pulmões colaram-se às costas, como se se congelassem. Estou farta de olhares de indiferença e de sorrisos mal forçados. Mexeste no teu cabelo, com um movimento rápido das mãos, de frente para trás e vice-versa. Achas o meu sorriso forçado? Sorriste apenas com um dos lados dos teu lábios. Não. Inclinaste a cabeça sobre o meu braço, senti um arrepio de frio na espinha. E só mais uma coisa,  preferes limonada doce ou amarga? Sorri, com os olhos, e espelhei um bocadinho de humor. Doce, Yvon, doce. Então, afinal não está tudo perdido. Puxaste-me pela mão, Levanta a cabeça, olha a volta, sentes a sala cheia ou vazia? Encostei o meu queixo no teu ombro direito e senti os teus ossos salientes tão marcados na zona do pescoço. Tu estás cheio, é o que te interessa.

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