21.11.12

Apertas os nós dos dedos contra as pernas e pedes mel como adoçante do teu café com leite, apertas o teu casaco de malha contra o teu braço esquerdo, tiras um cigarro do teu maço de Malboro.
Não pode fumar aqui. A senhora atrás do balcão advertiu-te, com um olhar pesado, de como quem já estava a servir cafés e bolos à horas. Levantaste-te, pegaste no maço, abotoaste o casaco e foste encostar-te à porta de vidro que tinha escrito a letras gordas, azuis escuras, o nome do café Sonho Meu. Possivelmente tinhas os ossos a gelar, e os lábios a gretar, mas preferiste acabar com os três últimos cigarros. Ficaste um tempo parado a ver os carros passar numa corrida contra o tempo, pessoas atarefadas, sem tempo, conduziam freneticamente, contaste com os dedos os carros azuis. Sorri. É bom saber que ainda tens hábitos iguais aos de tempos atrás. Ao longe contei os vermelhos, teria-te ganho se estivéssemos em competição. Provavelmente não me deixarias ter o meu prémio, irias roubar-me o cachecol, e corrido por entre as mesas numa tentativa de me fazeres esquecer da minha grandiosa vitória.
Desenhaste uma estrelinha no vidro embaciado pelo nevoeiro. Sorri outra vez.
Engraçado, apesar de todo o tempo que passou tu continuas a encontrar mil e uma maneiras de me fazer sorrir, mesmo sem saberes. 

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