5.12.12
Escreves pausadamente palavras soltas na folha de papel, enquanto arranjas a tua camisola de uma maneira desajeitada e mexes no cabelo. Abraças-me, mesmo sem saberes, fazes o frio do meu corpo fugir para longe, descongelas lentamente os ossos das minhas omoplatas com marcas de asas arrancadas. Dizes-me baixinho as respostas para o teste de Francês e contas-me histórias e piadas sobre as coisas que fizeste no passado, numa terra diferente. Rodas os ombros para trás e para a frente, uma e outra vez e queixas-te de uma tarde de treino doloroso no rio e eu fico a observar as tuas expressões labiais, a maneira como moves os lábios quase tão rápido como falas, fascina-me, óh, mas a sério tu és fascinante. Sentamos-nos no parapeito da janela, cruzo as pernas e faço-as baloiçar contra a parede branca e amarela da sala de aula húmida e carregada de almas escuras, feias e sem valor, deixas a tua alma enrolar-se em mim enquanto cantas sucessos dos Queen ao meu ouvido, não deixaste o frio apoderar-se de mim nem por um momento, sorris e fazes-me sorrir. Convido-te a vermos os céu e como a textura aveludada das nuvens se esbate e perde-se no horizonte, fazes ondas com a mão a nível dos nossos olhos, e eu finjo ser um avião, e finjo pedir desenhos a estrelas cadentes. Vá, então vamos ficar por aqui, por algum tempo, ou talvez por muito, talvez para sempre, eu faço-te um café, ou um cafuné se quiseres.
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